Muitos consultores não falham por condições de mercado adversas, mas porque se sabotam com um modelo de gestão improvisado. Sem uma estratégia clara, cada decisão aleatória compromete a lucratividade e dificulta o crescimento.
Tenho conversado com alguns profissionais da área e percebo que o problema se manifesta de diferentes formas:
Falta de alinhamento entre o Propósito e as oportunidades apresentadas pelo mercado, resultando em estratégias desconectadas.
Mudanças constantes no portfólio de serviços sem maturação adequada.
Ausência de metodologias definidas, criando inconsistências na entrega.
Ações de marketing e captação de clientes esporádicas, sem planejamento estratégico.
Essas práticas compõem o que chamo de "piloto automático". Embora comum, essa abordagem impede um crescimento sustentável e reduz a previsibilidade dos resultados.

O Piloto Automático: O Vilão da Lucratividade
Profissionais que operam no piloto automático vendem suas capacidades genéricas em vez de uma proposta de valor diferenciada. Isso gera problemas como:
1. Segmentação ampla e busca incessante por receita: Sem um posicionamento claro, os consultores aceitam qualquer projeto, o que enfraquece sua especialização e reduz seu poder de precificação.
2. Complexidade operacional crescente: Sem processos repetíveis, cada projeto demanda soluções do zero, elevando os custos e dificultando a escalabilidade.
3. Crescimento atrelado ao número de funcionários: Quando em uma operação de consultoria melhor estruturada, o aumento de receita depende diretamente da contratação de mais pessoas, resultando em margens menores e maior pressão operacional.
4. Margens comprimidas: A ausência de processos estruturados torna os projetos mais trabalhosos, reduzindo a rentabilidade e tornando a consultoria refém de negociações de preços.
Essa abordagem não apenas limita o crescimento, mas cria um ciclo de ineficiência e desgaste constante.
A Rota Alternativa: Design Intencional
Enquanto o piloto automático é reativo, consultorias de alto desempenho operam com intenção e estratégia. Empresas bem-sucedidas adotam práticas como:
1. Proposta de valor clara e focada em resultados: Em vez de vender serviços genéricos, elas se posicionam como especialistas na solução de problemas específicos, o que atrai os clientes certos e permite precificação premium.
2. Segmentação estratégica: O foco não está na quantidade de clientes, mas na qualidade e alinhamento com a expertise da consultoria.
3. Processos padronizados e otimizados: Metodologias bem estruturadas garantem eficiência, previsibilidade e maior valor agregado ao cliente.
4. Crescimento sustentável e escalável: Em vez de contratar mais para crescer, essas consultorias expandem suas ofertas de forma planejada, maximizando a rentabilidade.
Com essa abordagem, a complexidade operacional diminui e a lucratividade se torna previsível e sustentável.
Um Exemplo Real de Transformação
Uma consultoria que vendia "gestão de processos" de forma genérica reformulou sua estratégia para:
Antes: "Somos especialistas em gestão de processos."
Depois: "Ajudamos grandes empresas industriais a reduzir o tempo de atendimento a pedidos em 30-40%, alinhando liderança e cultura organizacional."
Essa mudança de posicionamento transformou sua capacidade genérica em um serviço de alto valor, altamente demandado pelo público certo.
A Escolha é Sua
Muitas consultorias atribuem suas dificuldades ao mercado, mas a realidade é que a principal barreira está na forma como operam. Consultorias reativas tentam administrar o caos, enquanto consultorias intencionais eliminam a complexidade para crescer de forma sustentável.
Se sua empresa não está atingindo o potencial desejado, talvez seja hora de abandonar a improvisação e adotar uma estratégia intencional.
Em qual caminho você está definindo sua consultoria?
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